
É triste fingir que não viveu, que não sofreu. A dor que não dói faltou ser inventada.
Há alguns meses eu desfiz uma parceria de anos e foi difícil para mim. Muito difícil. Mas mais difícil seria seguir em frente fingindo que ficou tudo bem porque simplesmente não ficou. O grande questionamento de quando as coisas desandam por completo sempre é: onde foi que eu errei.
Foram boas semanas de terapia (e a maturidade, que chega de mansinho mesmo) para entender que são muitas as verdades dessa pergunta. E que muitas delas não são minhas ou para mim.
Nesse caso, eu preferi acreditar que não poderia ser de outro jeito. Que a minha verdade é tão contraditória para o outro, que se torna impossível naquela realidade.
E, por outro lado, é também o que me basta. Pois a única coisa que eu procurei todo o tempo foi me encontrar, com todas as minhas confusões e contradições.
Spoiler: ainda não me encontrei.
Nem estou com pressa. E paciência a quem tiver alguma urgência em me rotular. Prefiro certamente andar para sempre em busca de mim do que me perder em um milhão de certezas e frases feitas que agradam apenas à audiência e nunca a mim.
Que não sou narrativa, nem discursiva, não sou influencer, não trago verdades (nem a pessoa amada de volta) não faço profecias, nem marco os caminhos pra seguir.
Eu sou você.
Cheia de questões incômodas, de silêncios constrangedores e contradições banais.
Quero ser livre e pertencer,
Quero ser semente e raiz,
Quero explodir com silêncio e
Quero mais e mais e mais e mais.
E sempre.
Tão comum e tão extraordinária.
Eu sou você.
